Hoje,
Ainda que apenas hoje,
Permitamo-nos ser livres.
Livres das amarras e dos
pactos com impactos desconhecidos
Livres das perseguições
das garras do inimigo.
Dispamos nossas almas de
toda a soberba e idolatria
Limpemos nossos corações
de toda a inveja e cobardia.
Sejamos nós, conforme as
nossas crenças mais puras
Para que possamos
alcançar a benevolência e graça das graças futuras.
Libertemo-nos da
arrogância, da ganância e da cobiça
Que atiçam em nós o
maligno, que enchem nossos olhos e corrompem-nos o espírito.
E arrependamo-nos
E arrependamo-nos
Porque hoje todos os pecados são
pecados de verdade
Hoje não há cunhas… hoje
ninguém tem imunidade.
Hoje não há chefes e nem
subordinados…
Hoje não há empregado e
nem patrão.
Amamo-nos uns aos outros
como se todos fossemos irmãos
Respeitamo-nos e lutamos
pelos mesmos objectivos como se fossemos todos aliados.
Hoje não importa o nosso
status social e nem a nossa posição,
Hoje tudo é família, hoje
tudo é irmão e hoje tudo tem boa reputação.
Neste dia
É proibido exaltar-se por
quaisquer que sejam as razões
E nas vigílias
Lembrem-se das mães sem
teto e das crianças dormindo sem comer nas vossas orações…
Dos oprimidos
E de todos os
entristecidos que vão dormir desejando que este dia nunca tivesse existido.
Foco, força… fé
No sonho e no objectivo
fiel.
É este o tempo de amar
De sorrir com
simplicidade e aprender a perdoar.
É este o tempo de
cultivar
A resiliência… que a sua
falta já nos faz vacilar.
Porque desta vez o natal
chegou sozinho
Não veio acompanhado de
festividades e nem de fogos de artifício…
Um e outro compraram
enfeites para celebrar este dia
Mas as ruas estão vazias,
as ruas estão tão frias
O natal está mais
mercenário do que uma meretriz em uma noite de euforia.
Então alegremo-nos hoje
É provável que sejamos os
únicos a fazê-lo…
Então alegremo-nos no
trabalho
Pode ser o único sítio
onde tenhamos uma família.
Por isso eu desejo a
todos “UM FELIZ ESTE DIA.”
Apenas hoje,
Ainda que apenas hoje.
Fidélgio Aulina Januário
In: Poesias de rua
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