terça-feira, 25 de dezembro de 2018

APENAS HOJE


Hoje,
Ainda que apenas hoje,
Permitamo-nos ser livres.
Livres das amarras e dos pactos com impactos desconhecidos
Livres das perseguições das garras do inimigo.

Dispamos nossas almas de toda a soberba e idolatria
Limpemos nossos corações de toda a inveja e cobardia.
Sejamos nós, conforme as nossas crenças mais puras
Para que possamos alcançar a benevolência e graça das graças futuras.

Libertemo-nos da arrogância, da ganância e da cobiça
Que atiçam em nós o maligno, que enchem nossos olhos e corrompem-nos o espírito.
E arrependamo-nos
Porque hoje todos os pecados são pecados de verdade
Hoje não há cunhas… hoje ninguém tem imunidade.

Hoje não há chefes e nem subordinados…
Hoje não há empregado e nem patrão.
Amamo-nos uns aos outros como se todos fossemos irmãos
Respeitamo-nos e lutamos pelos mesmos objectivos como se fossemos todos aliados.
Hoje não importa o nosso status social e nem a nossa posição,
Hoje tudo é família, hoje tudo é irmão e hoje tudo tem boa reputação.


Neste dia
É proibido exaltar-se por quaisquer que sejam as razões
E nas vigílias
Lembrem-se das mães sem teto e das crianças dormindo sem comer nas vossas orações…
Dos oprimidos
E de todos os entristecidos que vão dormir desejando que este dia nunca tivesse existido.

Foco, força… fé
No sonho e no objectivo fiel.

É este o tempo de amar
De sorrir com simplicidade e aprender a perdoar.
É este o tempo de cultivar
A resiliência… que a sua falta já nos faz vacilar.

Porque desta vez o natal chegou sozinho
Não veio acompanhado de festividades e nem de fogos de artifício…
Um e outro compraram enfeites para celebrar este dia
Mas as ruas estão vazias, as ruas estão tão frias
O natal está mais mercenário do que uma meretriz em uma noite de euforia.

Então alegremo-nos hoje 
É provável que sejamos os únicos a fazê-lo…
Então alegremo-nos no trabalho
Pode ser o único sítio onde tenhamos uma família.
Por isso eu desejo a todos “UM FELIZ ESTE DIA.”

Apenas hoje,
Ainda que apenas hoje.

Fidélgio Aulina Januário
In: Poesias de rua


domingo, 23 de setembro de 2018

Homicidas Testemunhas Oculares




Hoje te oiço uivar profecias de que o mundo vai acabar.
Dizes de ti bom demais e justo mas nunca paras de te gabar.
Levantas os dedos a apontar os outros
E bem te faz jeito este gesto... Dá-te uma sensação de conforto,
Tentas camuflar com adornos e brilho falso toda a dor e o desgosto.
De noite
O frio do vazio frio e o vão da solidão são um açoite.
Despido da soberba das grifes chiques, as lágrimas percorrem seu rosto!

Créditos ao app Black Wallpaper
 


Anoitece em sua alma.


No escuro do silêncio a tristeza estabelece-se em drama.




Sonhos turbulentos visitam-te de madrugada
Trazem-te as lágrimas do sofrimento que o egoísmo deixou plantadas.
Olhas para trás mas há tanta coisa mal parada,
As nuvens que ajudaste a puxar nunca mais se dissiparam.





Chove em todo o lugar...

Chove sangue em todo o lugar.




Amanhã não sairemos a rua vestidos
Porque o comboio de Azrael nos decidiu visitar.
E como do amor não resta, quase, nenhum vestígio
Sairemos revestidos da arrogância que se teima em instalar.




E seremos cidadãos comuns...
Uns homens e mulheres exemplares.
E seremos cidadãos comuns...




Fidélgio Aulina Januário
In: Poesias de Rua











terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

SINGULAR



Um rosto, uma musa (Yellen Bambo).
Singular
Entre milhares de estrelas que pairam no céu.
Singular
Entre as mulheres na terra e no eterno reino dos céus.


Com as mãos sangrando escreverei sem parar
O teu nome em mil idiomas em mil e um papéis.
Tentarei, de algum modo, ilustrar 
A indescritível beleza que define quem tu és.

Tarefa difícil este meu desejo é sim
Já que chamar-te “tudo” ainda é pouco para ti…
Mas mesmo assim, 
Talvez até com uma palavra senil
Apresentarei em transe o que representas para mim.


Eu falarei de ti com palavras inventadas
Com palavras doces cobertas de mel.
Com palavras justas que possam ser cantadas
Em composições de amor, esperança e fé.


                                                      Eu falarei de ti com palavras inventadas
                                                      Se você me der uma caneta e um papel.

Uma mulher, uma ideia, um sorriso.


                                                             Fidélgio A. Januário
                                                             In: Poesias de rua!